domingo, 13 de janeiro de 2013

O diário de Helena - Página 13


Respirei o ar puro da praia, vi belos corpos sarados correndo e jogando futevôlei. Fui do inferno ao céu em pouquíssimo tempo. Homem bonito é uma coisa tão divina, pena que a maioria dos homens lindos e maravilhosos são extremamente retardados. Como nada é perfeito, né, a beleza sobra e a inteligência falta. Normal, já me acostumei. Mais vale um feinho cult na mão, do que um otário bonito de corpão. 

Tomei uma água de côco, relaxei e voltei pra casa, de certo modo querendo paz, mas ainda não satisfeita com o que eu tinha ouvido. Entretanto meu inconsciente se fez consciente e gritou: sua burra, não esqueça que o seu doutor te ligou!

Com esse lapso de memória peguei o celular pra me certificar de que não foi um sonho (vai saber, né) e fui nas chamadas perdias e vi lá o número dele, me ligou às 9:32. Por que tão cedo, meu Deus? Estava disposta a ligar pra ele, mas resolvi esperar. Esperar só eu andar um quarteirão. Retornei, mas só deu na caixa postal. É a vida.

Quando cheguei em casa, tava tudo muito quieto, olhei para todos os cantos e vi que nada tinha mudado, pelo menos aparentemente. Procurei na cozinha e minha mãe não estava, fui para o quarto dela e não estava. Então fui correndo para o meu. Lá estava ela sentada na minha cama com umas lingeries espalhadas.

- O que significa isso? – Apontei pras lingeries.

- Estava olhando suas roupas íntimas e, como previ, você está precisando de lingeries novas então coloquei essas aqui pra você ver se gosta.

- Espera aí, mas por que você estava mexendo nas minhas coisas?

- Ah, filha, só quero saber como anda sua vida, você não conversa mais comigo.

- Não, não quer saber como anda minha vida, quer saber como anda minha vida sexual.

- Também! – Ela disse em tom empolgado.

- Mãe, olha, obrigada pela intenção, depois eu olho, apesar de achar que minhas lingeries são ótimas e que não preciso de nada no momento, mas pode guardá-las agora.

Ela fez aquela cara do gato de botas do “Shrek” e começou a guardar as lingeries. Se fazendo de vítima mais uma vez.

- Ah, mãe, para...

- Você tá mais calma? A praia te revigorou, colocou o juízo no lugar?

- Nunca tive juízo. Puxei você nesse quesito.

Ela terminou de guardar as coisas. Saí do quarto e em sintonia com meus passos avisei a ela que ia abrir um vinho e pedir uma comida para o almoço.

Escolhi o vinho, peguei as taças e as coloquei na mesa. Ela veio para sala, a servi e fizemos um brinde silencioso. Bebemos e a questionei o que iríamos almoçar, ela pediu uma massa para acompanhar o vinho, até achei uma boa pedida. Enquanto fazia o pedido ela voltou a olhar para o quadro do meu pai, dessa vez não quis saber, fui pra janela, ao desligar o telefone a vi ainda observando a foto, estática. Me encaminhei para o rádio na intenção de colocar uma música calma, antes de alcançá-lo a minha mãe me surpreendeu.

- Helena, você devia se desfazer desse quadro.

- Por que eu deveria? Cuidado com a sua resposta, não quero discutir.

- Por que seu pai está muito intimidador aqui e, além do mais, toda vez que for comer aqui na mesa vai lembrar dele, não te deixa triste?

- Não, pelo contrário. Sempre jantamos juntos e isso me traz um bem estar.

- Você gosta de fantasmas.

Sem querer derrubei minha taça de vinho, sorte que tinha apenas um dedinho do líquido.

- E você gosta de me irritar. Por que mudou tanto?

- Não mudei, Helena.

- Mudou, você sabe, há um tempo não falaria assim dele.

Ela se calou e tomou o restante do vinho numa golada só. Mais uma vez fez a cara do gato de botas do “Shrek”. Dei um sorriso debochado.

- Ah não, mãe, na boa... para com essa mania de se fazer de vítima.

- Helena, eu sempre soube que você não gosta de mim, desde bebê só tinha olhos para o seu pai. Depois que ele se foi achei que fossemos nos unir de um jeito muito bom, mas não, só nos afastamos mais.

- A criança agora está sendo você, dona Laura.

- Você viu o jeito que me recebeu? Lembra dos nossos últimos telefonemas? Você só anda me discriminando. Cortei o cabelo, mudei o visual, coloquei botóx, estou toda enxuta, linda, você nem reparou, não falou nada, só discutimos até agora.

- Eu pensei que os elogios do seu namorado te satisfaziam o suficiente. – Eu disse, mais irônica impossível.

- Me satisfazem sim, muito, mas sinto sua falta desde o dia que te coloquei no mundo e não sabe como isso me dói.

- Para com o drama, mãe. - Peguei a taça de vinho do chão e fui em direção à mesa. – Você não deve estar no seu normal. Por que fez isso tudo? Pra parecer mais nova? Pra impressionar o carinha que tá com você? O que ele tá plantando na sua cabeça?

- Não fala do que você não sabe, nem o conhece e já o julga como se soubesse quem ele é há muito tempo.

Deixei minha taça na mesa e respirei bem fundo, contei até dez calmamente.

- Você não faz o menor esforço pra estar comigo. Assim como você, eu tenho a minha vida, também gostaria que tudo fosse diferente, mas não é, sinto uma força que nos repele. É ruim, me deixa triste também, mas não vejo como sermos próximas.

Ela jogou a taça na parede e foi pro quarto. Eu tomei um super susto e fui atrás dela.

- Você está maluca? – Indaguei.

Ela começou a chorar e arrumar as coisas dela.

- Qual é, agora vai embora? É isso?

- Não sei nem por que vim, Helena, não sou bem aceita por você, não temos uma boa convivência, eu deveria ter pensado melhor nisso, mas não, quis fazer uma surpresa, quis tentar te agradar. Ser uma mãe mais presente, pelo menos tentar.

- Para de drama, mãe. Só tivemos um desentendimento, normal...

- Não, Helena, não, não tem mais espaço pra mim, não somos amigas, parceiras, cúmplices, eu queria isso de algum jeito, mas não dá.

- Ok, agora a culpada sou eu?

Ela colocou seu sapato, pegou sua jaqueta e fechou a mala.

- Não... a culpada sou eu de achar que um dia você pudesse se parecer minimamente comigo, quando na verdade você é idêntica ao seu pai, egoísta, altruísta e coração de pedra.

- Você não sabe o que tá dizendo! – Eu aumentei o tom de voz.

- Abaixa a voz pra mim, porque apesar de tudo eu ainda sou sua mãe.

- Apesar de tudo, você não gostaria, né?

- Talvez não, Helena. Ou então eu preferisse uma princesa ao invés de uma plebe rude.

Meus olhos se encheram de lágrimas e os dela também. A vi saindo da minha casa e tirei forças pra dar meu último grito.

- Vai, vai embora, é sempre isso que você faz, sempre me deixa sozinha!

E cá estou eu mais uma vez na solidão do meu apartamento, em meio a lágrimas doloridas e angustiantes me perguntando onde eu errei. Nosso entendimento era melhor, nos dávamos minimamente bem e de uma hora pra outra tudo se transformou num calvário. Não tenho mais meu pai, a quem eu recorria até quando um cabelo meu caía. Não tenho ninguém.

A minha sina deve ser assim, terminar sozinha um conto de fadas que eu fantasio, num sonho que se confunde com um caos.

A comida acabou de chegar, parece ótima, mas não tenho estômago. Vou voltar a dormir e torcer pra que eu acorde com a certeza de que essas últimas horas foram um pesadelo.

O diário de Helena - Página 12


Gente, eu estou me perguntando até agora o sentido daquela palhaçada do Júlio. Eu já achava ele um completo imbecil, agora então... é claro que esquecer o corpo dele não é tão fácil, mas o caráter e o gênio dele são dignos de uma lata de lixo. Ou ele queria me zoar, ou então eu estou no estilo daquela música “me diz aí menina o que é que você tem? Tem, tem, tem, você tem mel nesse trem!”... deve ser os dois.

O fato é que o saldo está positivo pro meu lado. Digo isso porque podemos colocar no débito meu universitário, meu ex dj muito louco, meu colega, digo, inimigo de trabalho e um doutor que possivelmente me deu mole. Falando nisso, essa manhã, quando fui acordada pela minha mãe me ligando insistentemente, vi uma chamada perdida do meu lindo e gostoso Rodrigo Dualibe. Eu quase quis me jogar pela janela, morreria despencando de seis andares. O fato é que quando fui retornar pra ele, minha campainha tocou. E só o fato dela ter tocado já fez meu dia começar absolutamente complicado. Era a minha mãe.

Chegou aqui em casa que nem uma coroa que não aceita ser velha. Melhor dizendo, vamos abrir o verbo, ela estava piriguete mesmo. Mas não posso negar que ela está uma velha gostosa. Enfim... ela me deu um abraço rápido e apertou o meu nariz (coisa que eu não suporto). Veio com uma bolsa grande e uma mala pequena e já me assustei.

- Filha, vim passar uns dias na praia. Nossa, esse seu apartamento está tão... um apartamento de virgem. O que está acontecendo? Nada de botar a Heleninha pra jogo?

Puta que paril, mãe, puta que paril!

- Botar a Heleninha pra jogo? Mãe, mas que porra você está falando? É o tal do surfista idiota que está te deixando assim? Por que se for – Ela me interrompeu e mudou a fisionomia.

- Não fala assim dele.

Me irritei mais ainda.

- Não falar assim dele? Qual é, mãe? Você acha que ele está contigo pra quê? Pra pegar seu dinheiro, se toca!

- Helena, eu não admito que fale assim comigo, estamos há quase um ano sem se ver e é assim que você me recebe?

Ela sempre gosta de virar o jogo e se fazer de vítima, por mais que isso tenha me irritado completamente, eu respirei e tentei levar a conversa numa boa.

- Tá... tá bom. E cadê ele?

- Ele não veio, insisti muito pra vir, mas está pra fechar uns negócios com o pai lá na empresa deles, enfim, resolvi vir sozinha te ver.

Ainda bem que ela ainda não perdeu o juízo completamente!

- E quanto tempo pretende ficar?

- Hoje e amanhã só, vou embora domingo de manhã, vim de carro.

Ela pegou as coisas e ficou me olhando com uma cara de: ‘seja simpática’.

- Me dá suas coisas, vou levar pro quarto. – Peguei a bolsa e a mala dela, que apesar de pequena, estava um chumbo pra quem ia ficar somente dois dias. Coloquei no quarto que reservo para visitas e voltei para a sala. Ela observava uma foto ampliada do papai, que estava em um quadro numa parede perto da mesa de jantar.

Parei ao lado dela e a olhei. Seu olhar era enigmático.

- Também sente falta dele? – A questionei.

- Sim, seu pai apesar de tudo foi um grande homem.

Apesar de tudo? Como assim?

- O que quis dizer com o “apesar de tudo?”.

Ela continuou olhando para o quadro.

- Ele era uma pessoa muito difícil, geniosa demais, tentávamos não brigar na sua frente, mas quando íamos para o quarto, muitas vezes ao invés de nos amarmos, passávamos um longo tempo batendo boca.

- Não vejo meu pai assim, as lembranças que tenho dele comigo são maravilhosas.

- Pode ser, ele era um ótimo pai, mas não era um homem ótimo.

- Por que está falando isso agora? – Voltei a me irritar.

- Porque estou me lembrando dele.

- Por que então casou com ele e teve uma filha? – Saí de perto dela e sentei no sofá.

- Não sei, Helena, tem certas coisas que a gente faz e não sabe nem o motivo.

Arregalei os olhos um pouco confusa, absorvendo a informação.

- Mas vamos falar de outra coisa, e seus boys, como andam? – Ela desconversou.

Falar de outra coisa?

- Não, agora não vou falar de outra coisa. Você acabou de insinuar que muito possivelmente eu nasci de uma forma altamente inesperada, sem motivo.

Ela andou até mim e parou na minha frente. Cruzou os braços e me encarou.

- Não ou falar disso com você. Vim te ver, quero saber de outras coisas, esquece o que eu disse. Você deve ter entendido errado.

- Entendido errado? Eu posso ser tudo, menos surda e burra. Mas tudo bem, você sempre foge das coisas que fala. É melhor mesmo deixar meu pai pra lá.

Levantei e fui até meu quarto trocar de roupa. Quando estava terminando de vestir minha blusa, virei e vi minha mãe plantada na porta me olhando.

- Vai aonde, Helena?

- Vou dar uma andada na praia, preciso processar bem sua chegada e o que me disse.

- Você tá agindo como criança. Aliás, você sempre foi uma criança mimada, graças ao seu pai.

Fuzilei ela com meus olhos.

- Se você pegou a estrada pra vir falar esse monte de besteiras, por favor, mãe, queira voltar pra sua cidade e pro seu surfista, que deve ser um cara muito mais digno que o seu falecido marido.

Quando passei por ela, ela segurou meu braço forte e me pressionou contra a porta.

- Você está precisando esfriar a cabeça mesmo. Vai dar uma volta, porque quando voltar eu quero conversar sério contigo. Vou aproveitar pra dar um jeito nesse seu apartamento. Já trouxe algum homem aqui?

- Você não vai mexer em nada. E acho que tenho 32 anos e não preciso te dar mais satisfações de determinadas coisas, principalmente com quem eu faço sexo. Até mais.

Peguei o caminho da porta e saí transtornada. Como é que ela pode ser assim? Tudo bem, sei que minhas atitudes foram infantis e que estamos há basicamente um ano sem se ver. Mas essa não é a minha mãe. E eu tenho certeza que tem dedo desse surfista maldito. Se eu encontro com ele, acho que o salto agulha que eu nunca usei vai ser de boa serventia.


...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Diário de Helena - Página 11



Coloquei uma saia preta e uma blusa social branca. Meu salto preto realçou incrivelmente minhas pernas. Uma maquiagem básica, uma bolsa média e lá vamos nós para o escritório.

Cheguei às 9h, tínhamos uma reunião marcada para às 10h. Enquanto não dava a hora da reunião, fiquei na minha sala analisando uns casos, assinando umas concessões e lendo uns artigos que eu só estava adiando. Só assinei as concessões, em 30 minutos batem na minha porta, eu respondi sem olhar que podia entrar. Achava que era a Vânia, nossa secretária, o bater à porta era igual ao dela. Nem me dei o trabalho de olhar pra ver quem era, de repente tinha Júlio na minha frente.

- Bom dia, senhorita Maia. – Ele disse em um tom um tanto quanto estranho.
O olhei, ainda não acreditando que aquele estorvo estava na minha frente, respirei fundo e rebati.

- Agora mesmo que meu dia que era pra ser bom fica péssimo.

Ele se aproxima e senta na quina da minha mesa, de frente pra mim. Que abusado!

- Por que tanto mau humor?

Eu reviro os olhos e coloco os papeis que estavam comigo na mesa.

- Porque são 9:30 da manhã e eu já tive o desprazer de ter que ver você, não acha um bom motivo pra estar mau humorada, senhor Júlio?

Ele esconde um sorriso sarcástico e retruca.

- Pra mim isso é amor. Deve ser apaixonada por mim, não aguenta me ter por perto. Estou certo?

Não aguento e solto uma gargalhada.

- Ah, Júlio, não sabia que agora você tinha virado piadista.

- Estou falando sério. – Ele sorri.

Além de abusado se acha o último biscoito do pacote, eu devo merecer!

- Então leva a sério o que eu falo, nem se você fosse o último cara do mundo eu me apaixonaria por você. Viraria lésbica na hora.

Ele arregala os olhos e levanta da mesa num salto. Chega bem perto de mim, as mãos nos braços da minha poltrona e ficamos cara à cara. Meu coração dispara – com medo, claro! Se meu chefe nos pega nessa cena ridícula...

- Você acha mesmo que eu engulo essa história de que você me odeia? Dizem que ódio é amor, estou começando a acreditar nisso, senhorita Maia.

- Sai, sai daqui, Júlio. – Empurro ele com as duas mãos e sinto seu peitoral definido por baixo daquela camisa social azul. Nunca pensei que debaixo daquela roupa existia um homem minimamente gostoso.

Ele dá um sorriso e volta a se aproximar de mim.

- Ficou incomodada, senhorita Maia? Viu como eu mexo com você? – Ele volta a se sentar na minha mesa, dessa vez no meio dela, exatamente na minha frente.

Engoli a seco.

- Vem cá, dá pra você parar de me perturbar e sair da minha sala? Já viu o tanto de coisa que tenho pra fazer antes da reunião? Você não tem nada pra fazer, não?

Ele puxa minha poltrona pra perto dele, mas continua sentado na mesa.

- Vim aqui te dar um recado a pedido do nosso grande chefe Marcos...

- Por que ainda não falou e foi embora? – Eu respondi ríspida, sem olhar em seus olhos, ajeitando a manga da minha blusa.

- A reunião de hoje foi cancelada. O Grupo AR Mattos Vargas teve um imprevisto e avisou pra remarcarmos.

Fanzi a testa e pensei logo que o dia seria mais tranquilo e daria pra eu fazer minhas coisas com calma.

- Ótimo. Recado dado, agora pode sair. – Eu respondi com um sorriso turvo.

Ele novamente se debruçou nos braços da minha poltrona.

- Júlio, pelo amor de Deus, qual é a sua? Se o Marcos chega aqui você sabe que nós dois estamos na merda. Não sabe?

Ele me olha fixo, em seguida me olha de cima à baixo e retorna o olhar para os meus olhos.

- Sabia que hoje você está incrivelmente sexy? Gostei muito da combinação da sua roupa.

Meu estômago torce de nojo por dentro e não evito uma risada debochada.

- Você é ridículo, Júlio. Se não sair daqui em 5 segundos eu vou gritar, chutar seu Júlio Jr. ou te dar um soco. Você escolhe.

Ele faz uma careta, mas continua imóvel me olhando.

- Júlio, Júlio, não pague pra ver...

Ele segura o meu queixo e se aproxima da minha boca. Sinto a respiração dele em mim.

- Quero beijar você, Helena, desde quando entrou aqui pro nosso escritório. Mas você só me esculhamba...

Não acreditava no que estava ouvindo, era demais pra mim. No-jen-to.

- Eu tenho nojo de você. Seus 5 segundos estão sendo contatos a partir de agora. – Olho pro relógio e faço a contagem regressiva. Ele espera eu chegar no 1 e tapa minha boca e segura minhas mãos.

- Pensa no que eu te disse, senhorita Helena Sexy Maia. Se dê a chance de me conhecer melhor. – Ele vai até meu ouvido e sussurra com uma voz bem agoniante – Você vai gostar.

Apesar de me arrepiar, o meu medo por ter meu chefe abrindo aporta e encontrando o Júlio quase que no meu colo me fez ter força pra soltar minhas mãos presas nas dele e segurei firme em seus braços. Constatei mais uma vez que por debaixo daquela roupa tinha um homem forte e másculo. Não me deixei levar pelos seus músculos e logo respondi, levantando da cadeira.

- Chega. Sai daqui. – Fui me encaminhando pra porta. – Além de inconveniente, irritante e imbecíl, você é extremamente idiota e babaca.

Ele andou até mim rindo, não sei do que, e parou em frente a mim na porta.

- Mesmo você despejando todas essas palavras, no mínimo afetuosas, eu quero te convidar pra um chopp. Só me diz o dia e a hora.

Ele sorri de canto e deixa minha sala. Fecho a porta inundada de raiva e volto a sentar na minha poltrona. Fiquei pensando no que tinha acabado de acontecer, possessa e puta com o atrevimento daquele advogadinho idiota. E as imagens do que tinha por baixo daquele palitó não paravam de vir à minha cabeça, se confundiam com a lembrança dele debruçado nos braços da minha poltrona e com seu atrevimento de chegar tão perto de mim.

Passei o dia confusa com isso, mas trabalhei minimamente direito. O que não entendo é porque até agora não paro de pensar nisso.

BABACA, BABACA, BABACA!

Até mais!