segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O diário de Helena - Página 4

Eu sinto que eu não devia contar isso aqui. Mas não tem ninguém lendo a não ser eu mesmo. Que Deus me ajude a ponto de nunca deixar meu Dr. Rodrigo Gostoso Dualibe um dia ler essa minha estranha psicose. 

O que aconteceu? Bom, depois daquela conversa de maluco que tive com minha mãe, detonei metade de um bolo de chocolate numa única tarde. Depois que me olhei no espelho com a boca borrada de calda de chocolate, senti mais ou menos como um homem deve se sentir quando broxa. O que eu fiz? Resolvi tomar uma atitude. Não tem atitude melhor que nessas horas ligar pra Amandinha. Ela fez cursinho pré-vestibular comigo, ficamos muito amigas, apesar dela ter ido pra Design e eu pra Direito, acabamos indo pra mesma faculdade, então sempre estávamos juntas. Amandinha é aquela amiga rata de night, que sabe de todas as festas e eventos que bombam. O que eu mais precisava era de uma noite inesquecível pra justamente esquecer o que a minha mãe tinha me dito.

Liguei pra Amandinha e ela me disse que tinha um evento ‘SSB - super sinistro de bom’ naquela noite. Essas foram as palavras dela, “super sinistro de bom”, então, por que não aproveitar e ir num evento SSB? Coloquei um vestidinho preto magnífico que eu tinha, coladinho no corpo, botei meu saltão, me maquiei e esperei a Amandinha na portaria do meu prédio. Ela veio me buscar.

No carro fomos ouvindo músicas do nível Candy Shop, do 50 cent. Tudo bem, sem problemas. Mesmo. Amandinha me disse que tava de amizade colorida com o DJ da night que íamos hoje, que ele era um Deus grego e tinha vários amigos pra me apresentar. Senti um fogo subindo pelas minhas pernas. Era isso que eu estava precisando, não é não? Homens, beijar na boca, dançar e álcool.

Só que pegamos um caminho que eu não entendi muito bem. Amandinha estava entrando numa favela. Então perguntei pra ela por que estávamos pegando aquele caminho e ela disse que era porque a festa ficava ali, bem pertinho. Ok, lá fomos nós.

Ela estacionou o carro e ainda não tínhamos saído da favela. Então eu perguntei pra Amandinha pra que diabos de night ela estava me levando. Ela mandou eu calar a boca, saiu do carro, me chamou e logo pegou na minha mão e fomos entrando no lugar. Onde eu fui parar? Num baile funk!

Eu soltei uma risada tão alta... e a minha linda e doce amiga logo disse que era daquilo que eu precisava pra esfriar a cabeça: chão, chão, chão, chão...
Quem tá na chuva é pra se molhar, né? Eu nunca tinha ido a um baile funk, sinceramente era uma experiência que eu sempre quis ter! Amandinha realmente é muito boa nas escolhas.

Fui tratando logo de beber... cerveja, muita cerveja pra lavar a alma e deixar a mente no brilho. Aquele pancadão todo era sensacional, eu tava doidassa sem nem ter bebido metade do que preciso pra ficar bêbada. Perdi de vista a Amandinha, que deve ter ido procurar o tal do Deus grego que era o carinha que ela estava pegando. Eu só sei que quando eu ouvi aquela risadinha do Mr. Catra e ele entrando no palco gritando que ia começar a putaria, eu dei o grito mais SSB do mundo! Logo senti um carinha se aproximando de mim, falando no meu ouvido “tchutchuca, vem aqui pro seu tigrão!”, minha primeira reação foi rir, a ponto de deixar escapar da boca uns pinguinhos da minha cerveja. E ele continuou “vem tchutchuca linda, senta aqui com seu pretinho, vou te pegar no colo e fazer muito carinho”, eu olhei no fundo dos olhos dele e perguntei se ele conhecia o Mr. Catra, ele disse que sim e apontou pro palco. Então eu logo falei que entre Catra e Tigrão, a tchutchuca linda preferia Catra. Fui quicando e mexendo o ombrinho para o mais perto do palco possível. E o Catra começou “uh uh papai chegou!”, eu só posso dizer que foi a melhor sensação da minha vida. Me senti livre, linda e gostosa, nem sei o motivo. Provavelmente aquela cerveja devia ser especial e eu já estava no grau.

Mas o melhor ninguém sabe, vi a cabine do DJ que ficava pertinho do palco e consegui ver que a Amandinha estava lá, fui, no meio daquela multidão cheia de tigrões, tentando chegar perto. Quando vi quem era o DJ fiquei tão surpresa que eu não conseguia falar nada, me virei de costas e voltei quicando e mexendo o ombrinho pro meio da galera, gelada, sem reação.

No próximo post eu conto quem era o DJ e como eu fui parar no palco do Catra. Sim, eu fui parar no palco com o Mr.

Já estou atrasada para o trabalho. Só pra não perder o costume, queria mandar o Júlio, aquele mesmo lá do meu escritório, lembram? Então, queria mandar ele para aquele lugar. Queria dizer também que eu sou muito bandida! Sem a menor intenção de roubar e plagiar você, querida Valéria.

Obs: Na noite carioca o funk é isso aí, quem tá de fora vem, quem tá dentro não quer sair! Viva Mc Koringa!

Um beijo e até mais.

Um comentário:

  1. "Vestidinho coladinho e com um saltão"? Na bôa...Tu quer bagunçar o imaginário dos homens que vem aqui ler seu blog né?
    @rafaelrisse

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