terça-feira, 13 de novembro de 2012

O diário de Helena - Página 6


Vou descrever a minha real situação no momento: cara de empada amassada, sem uma parte do juízo, com vergonha, mas feliz de certo modo. Bem, até certo ponto.

Tô ouvindo Roxette no máximo, meus vizinhos daqui a pouco vão chamar a polícia, o síndico, ou bater aqui pra tentar quebrar meu som... Eu não tô nem aí!

“Listen to your heaaart when he's calling for you, listen to your heaaaart there's nothing else you can do…”, por que esse comportamento? Porque eu me chamo Helena Vanilha, tenho 32 anos, sou uma advogada bem sucedida, tenho meu apartamento, meu carrinho lá na garagem, mas meu doutor que é bom, nada.

Essa semana senti uma dor na gengiva, na altura do siso inferior, do lado direito da boca. Liguei pro meu dentista e ele logo me pediu uma radiografia. Levei pra ele e descobrimos que eu teria que tirar o dente. Mas não pude tirar no dia em que estive lá, exatamente há 3 dias. No dia seguinte eu precisava estar no fórum sem falta, então adiei pra hoje a extração.

Quando cheguei lá, soube que meu dentista não estava, teve um problema e nem chegou a ir pro consultório. Tinha duas opções: ou eu esperava pra tirar com ele num outro dia ou eu tirava com outra pessoa e aproveitava o feriado pra relaxar em casa, sem me preocupar em faltar 2 dias de trabalho. Pensei um pouco e disse pra secretária que eu tiraria naquele dia com qualquer outro cirurgião.

Ela pediu pra eu esperar um momento e rapidamente veio até mim e me levou para uma sala.
A visão do paraíso me esperava encostado na porta. Olhos azuis altamente penetrantes, cabelos loiros, curtinhos, lisos... provavelmente cheirosos e carentes por um afago. Olhei logo para o jaleco e vi seu nome: Daniel. Esse Daniel não falou nada e já me levou pro céu em segundos. Dr. Dualibe, se minha paixão por você não fosse patológica, esse Daniel, mesmo com uma aliança de noivado no dedo, certamente seria meu.

Ele me cumprimentou, olhou minha boca e perguntou se eu estava pronta pra darmos início ao processo de remoção do siso. Eu disse que sim e lá fomos nós. Primeiro a anestesia, foi supertranquilo. Depois ele cortou minha gengiva, mais tranquilo ainda. Não sentia nada e ainda tinha aqueles olhos azuis todos voltados pra minha boca. Que delicinha, meu Deus!

Mas nem deu tempo pra sonhar. Ele começou a cavucar meu dente, como se o siso fosse uma espécie de baú repleto de tesouro enfiado na terra, e ele um pirata louco e obcecado por roubar aquela preciosidade. Fechei os olhos com força porque tava incomodando e ouvi aquela voz máscula extremamente gostosa me dizer: relaxa, relaxa, relaxa, já estou terminado, fica tranquila.

Tem como não dar ouvidos pra uma gostosura dessas? Eu respirei, relaxei e continuei namorando os olhos dele. Ele tirou o siso, me mostrou e pegou a agulha e a linha pra dar o ponto. Terminou, colocou dois chumaços de algodão na minha boca e me disse que ia me receitar um anti-inflamatório. Enquanto ele escrevia eu tentava cuspir aquela saliva de sangue, mas eu fiquei toda atrapalhada. O algodão não deixava eu cuspir direito, mas tentei a todo custo antes que ele virasse. Mas não adiantou, quando eu consegui cuspir direito ele virou e me pegou naquela cena bem linda, com cuspe dependurado na boca caindo naquela mini pia que tem ao lado da cadeira onde a gente deita.

Ele pareceu nem ligar, mas eu me xinguei internamente de tudo quanto é nome.
Me deu o papel com o nome do remédio e me pediu pra tomar bastante gelado e higienizar com cuidado o local do ponto.
Mesmo com aquele chumaço de algodão na boca me atrevi a soltar: você tá aqui sempre? – com uma voz de traveco na dúvida se ainda é homem ou é traveco mesmo.

Ele respondeu que só vai quando é preciso, mas que só faz cirurgias, que a parte clínica ele não faz. Voltei a falar, com a voz travecuda: ai, que azar que eu dei!

Porra, como assim eu falei isso? Tô na seca do nordeste mesmo, não tem jeito, minha boca sai até falando mesmo não podendo.

Saí linda do consultório e resolvi passar logo na farmácia pra comprar meu remédio.
Quando eu cheguei lá, vi um cara de costas, que só de costas parecia ser o Mister mundo mais bonito de todos os tempos. Fui chegando perto, me aproximando devagar, em passos gatunos, leves e maliciosos (sim, maliciosos, que bunda bonita esse protótipo de Mister tem...), mas logo fui interrompida pelo atendente da farmácia. Dei a receita do remédio e o Mister mundo se aproximou de onde eu tava, há uns 6 passos de mim, ainda de costas.

E tava vestido tão bonito, elegante, sexy, com uma calça jeans escura, uma camisa social com risca de giz azul clara, manga dobrada...
O atendente me chamou: aqui senhora, 25 reais a caixa.

Abri a bolsa, peguei a carteira. De repente escutei: Helena!
E a voz vinha da direção do Mister(ioso). Quando olhei pro lado dele...
Era o meu Doutor, ele mesmo, o meu Rodrigo Dualibe.

Como foi esse encontro?
Conto no próximo post. Tá na hora de eu fazer meu almoço: milkshake.

Uma dica: ouçam Roxette, é tão bom!

7 comentários:

  1. Sugestão....Fique só com esse blog. Aposente os outros. Caso contrário, vc não dará conta de atualizá-los frequentemente.
    Com carinho
    @rafaelrisse

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  2. Cadê o próximo???? Cadê a página 7? tô esperando
    @rafaelrisse

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  3. Respostas
    1. Não tô só de olho, TÔ COM A MÃO, O PÉ, A BOCA, A LÍNGUA..TUDO
      @rafaelrisse

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    2. Eu acho a Helena um pouco medrosa de mais...
      @rafaelrisse

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  4. Oi flor vim agradecer pela visitinha lá no blog!
    Muito interessante aqui! Adorei...
    ;D Seguindo!
    http://adoraveisvicios.blogspot.com.br/

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  5. Olá!
    Eu realmente gostei do seu blog! Mal posso esperar para ler o próximo post!!!!

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